Arco, tarco ou verva?
Por Rica Benozzati Um programa divertido na minha infância era ir ao barbeiro com meu pai, especialmente ao Razera em Piracicaba, era uma loja pequena, na casa dele, com todos os produtos clássicos do universo masculino, sem contar as Playboys do mês que davam ao lugar um tom de clube fechado do “Bolinha” Razera era um figura grande, alto, grisalho sempre com jaleco branco. Me lembro da resistência que aquecia a água para fazer a espuma de barbear, naquela época em bisnaga de metal. Sobre as opçoes de corte eram três, escovinha, militar ou batido. Quase todos iguais eu confesso, no final de cada corte a pergunta: - Arco, tarco ou verva? Aos não fluentes em Piracicabês significa: álcool, talco, ou água velva? Eu sempre pedia a água velva porque queria me sentir adulto e o cheiro de Musk me lembrava meu avô quando se barbeava para ir à missa aos domingos. Quando já adolescente em uma destas manhãs de sábado enquanto fazia o pé do meu cabelo, Razera fala em tom alto: - Olha apareceu pinta na sua nuca! E antes que eu conseguisse contar que era uma pinta, alta, e que já havia marcado uma consulta na dermatologista, ele pegou a navalha e num corte preciso arrancou-a da minha nuca. Eu sou virginiano, tenho mania de limpeza, as vezes hipocondríaco, minha reação foi simplesmente nula, fique atônito, enquanto ele pegava um pouco de pedra ume para estancar o sangramento. De longe foi uma das melhores cirurgias que fiz. De lá pra cá meu cabelo mudou muito, caiu um bocado, minha barba cresceu e virei homem. Decidi adotar a barba, mais não me encontrava até conhecer os caras da Barbearia 9 de Julho, que são os responsáveis pelo meu visual há mais de três anos. Com eles as opções de cortes de cabelo e formatos de barba são infinitas, além do visual todo retrô do lugar. Lá é sem dúvida um momento na semana onde tenho as melhores e mais divertidas conversas, resgatando este momento da infância com meu bom e velho Dal, meu pai. Um beijo Serviço
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